quinta-feira, 26 de abril de 2012
SOLVENTES: O QUE SÃO?
São considerados solventes os líquidos voláteis que tenham a propriedade de dissolver ligantes, resinas ou quaisquer outros materiais sólidos e/ou líquidos sem que sejam alteradas as estruturas químicas originais. São indispensáveis para a cadeia produtiva de diversos segmentos industriais e empregados, por exemplo, na fabricação de plásticos e resinas, vernizes, tintas, defensivos agrícolas, adesivos, cosméticos e detergentes, entre outros inúmeros produtos.
TIPOS DE SOLVENTES
SOLVENTES ALIFÁTICOS: diluente de tintas, solvente de borracha, hexano, pentano, etc,.
SOLVENTES ALIFÁTICOS MÉDIOS: aguarrás, querosene, solvente médio, etc,.
SOLVENTES AROMÁTICOS: tolueno, xileno, AB9, AB10 e AB11, etc,.
SOLVENTES OXIGENADOS: cetonas, álcoois, étereis, glicois, acetatos e outros.
OUTROS SOLVENTES: solventes nitrados, clorados, sulfonados, clorofluorados, etc,
São considerados solventes os líquidos voláteis que tenham a propriedade de dissolver ligantes, resinas ou quaisquer outros materiais sólidos e/ou líquidos sem que sejam alteradas as estruturas químicas originais. São indispensáveis para a cadeia produtiva de diversos segmentos industriais e empregados, por exemplo, na fabricação de plásticos e resinas, vernizes, tintas, defensivos agrícolas, adesivos, cosméticos e detergentes, entre outros inúmeros produtos.
TIPOS DE SOLVENTES
SOLVENTES ALIFÁTICOS: diluente de tintas, solvente de borracha, hexano, pentano, etc,.
SOLVENTES ALIFÁTICOS MÉDIOS: aguarrás, querosene, solvente médio, etc,.
SOLVENTES AROMÁTICOS: tolueno, xileno, AB9, AB10 e AB11, etc,.
SOLVENTES OXIGENADOS: cetonas, álcoois, étereis, glicois, acetatos e outros.
OUTROS SOLVENTES: solventes nitrados, clorados, sulfonados, clorofluorados, etc,
domingo, 15 de abril de 2012
Tais: Os Têxteis de Timor-Leste
A ilha de Timor, longa e estreita, com a forma semelhante a um crocodilo,
segundo uma das lendas de Maubere, está inserida no arquipélago
indonésio, situada a menos de 500 quilómetros da Austrália.
Encontra-se dividida em duas partes distintas: a metade ocidental, sob o
domínio indonésio, mas onde ainda estão patentes as influências
da precedente colonização holandesa, e a zona oriental, hoje
independente, com referências predominantemente portuguesas.
Nesta ilha, as tradições raramente permaneceram estáticas,
e novas ideias e técnicas, algumas provenientes de ilhas longínquas,
foram ao longo dos séculos absorvidas e reinterpretadas, para
dar resposta a novas situações sociais e económicas.
Etnograficamente, os timorenses dividem-se em dois grandes grupos: o Atoni
da Melanésia e o Tétum do Sul de Belu, que se pensa originário
de Malaca.
No caso específico de Timor-Leste, torna-se muito difícil identificar
e territorializar os vários outros grupos étnicos. Ainda, nos
dias de hoje, se encontra uma grande diversidade cultural e linguística,
proveniente das antigas guerras internas e das consequentes integrações
de subgrupos em outros grupos étnico-linguísticos.
Tal diversificação é transposta para os têxteis,
em termos de cores, motivos e técnicas usados na tecelagem. As
diferentes línguas dificultam igualmente o estudo dos tecidos, devido
à multiplicidade de termos aplicados a um mesmo utensílio ou
técnica. É preciso entender que apesar de Timor-Leste se encontrar
dividido em treze distritos, as diferentes línguas remontam a
perto de quinze e distribuem-se de uma forma esparsa e errática por
todo o território.
No entanto, a necessidade de comunicação, especialmente
para fins comerciais, originou a eleição do tétum –
língua nativa dos Belus, divulgada pela sua conquista da parte leste
da ilha de Timor – como língua franca.
Tais mane em algodão previamente fiado e tingido com corantes químicos, executado em ikat em teia (Bobonaro).
O significado dos têxteis
Os têxteis de Timor, tal como nas outras sociedades da Indonésia,
têm um papel muito importante nos rituais das comunidades, e, ao serem
criados por grupos de etnias diferentes, podem distinguir--se uns dos outros,
quer em estilo e nas técnicas utilizadas, quer no seu significado cultural.
Tais feton muito elaborado executado em ikat em teia e buna, com motivos de pássaro (Timor-Leste)
Os têxteis que saem dos teares não são destinados prioritariamente
a serem usados, excepto quando já estão gastos ou quando de
cerimónias que celebram as várias fases da vida de um indivíduo:
apresentação de um recém-nascido, dia de iniciação
na caça de um jovem guerreiro, casamento, enterro, etc.; ou em certos
rituais que se prendem com as tradições do grupo: inauguração
de uma casa, etc.
Em todas estas cerimónias está implicado o indivíduo,
a linhagem, a família e a etnia ou grupo em que ele se encontra inserido,
e é aqui que os têxteis ganham uma importância relevante,
como produtos de troca nas relações sociais e económicas,
assegurando a sobrevivência da linhagem e do grupo.
As fibras e as tingiduras
Tecedeira preparando os fios de algodão previamente fiado e tingido quimicamente, para introduzir como trama.
Os vários processos de fiação e tecelagem têm
lugar essencialmente durante a estação seca. São
actividades femininas, muito valorizadas pelos membros masculinos e femininos
de cada grupo, inteiramente conscientes da importância dos têxteis
nas relações mencionadas anteriormente.
A principal fibra utilizada é o algodão, e onde ele é
cultivado a fiação manual é ainda comum, especialmente
para têxteis que possuam um carácter especial.
Também aqui se pensa que Portugal teve alguma influência na
expansão e popularidade do algodão, quando no século
XVII estabeleceu um comércio significativo desta fibra natural, tornando
Timor num centro conhecido para a troca deste produto, já nos finais
do século XVIII, em que o cultivo desta planta atingiu o seu apogeu.
O algodão comercializado e fios pré-tingidos encontram-se com
facilidade nos mercados regionais, assim como corantes químicos.
A cidade de Lospalos, por exemplo, é conhecida pela sua produção
têxtil, utilizando o fio comercializado e corantes químicos.
As fibras sintéticas têm, consistentemente, feito a sua intrusão
nos têxteis, e hoje é possível adquiri-las na maioria
dos mercados regionais: rayon, acetato, acrílico e polyester, para
além de fios metálicos, na maioria dourados (antigamente obtidos,
nalgumas regiões, a partir da fundição de moedas holandesas).
Contudo, as tingiduras naturais são muito usadas em toda a ilha, e
nesta, mais do que em qualquer uma das outras do arquipélago,
o vermelho é a cor dominante. A explicação para este
facto não é clara. Embora existam alguns autores que apontam
para uma inspiração a partir do tom das buganvílias em
flor durante a estação seca, esta cor, para muitas comunidades
timorenses, está tradicionalmente associada à vida, ao sangue
e à coragem.
Timor tornou-se conhecido pelas cores vivas dos seus têxteis, embora
essa não seja uma característica comum em todo o território
de Timor-Leste. A maior parte das cores oriundas de corantes naturais provém
essencialmente de três fontes, todas elas fáceis de obter em
qualquer região da ilha. São as seguintes:
Taun
Pormenor de uma faixa de um tais feton contemporâneo, executado em algodão previamente fiado e tingido com corantes químicos, com motivo floral executado em ikat em teia (Díli).
Arbusto de cujas folhas se extrai uma tinta, que vai do tom azul-escuro ou
esverdeado-escuro até ao preto. Uma vez colhidas, as folhas são
esmagadas com um pilão. Numa das receitas mais populares, a esta pasta
é adicionada água e cal, que reage com as folhas tornando o
tinto mais escuro e permanente.
A cal, aqui misturada, quando escasseia comercialmente, pode ser obtida a
partir da trituração de conchas e búzios. Esta mistura
pode repousar assim vários dias, com os fios imergidos na solução,
consoante o tom mais claro ou mais escuro pretendido, dentro da gama dos azuis-escuros
e verdes-escuros. O tom preto, por exemplo, necessita de cerca de uma semana.
Kinur
Pormenor de um motivo floral de inspiração portuguesa executado em ikat em teia, num tais feton (Díli).
Trata-se da planta bulbosa açafrão, cujos estigmas são
empregados para tingir. Estes estigmas, uma vez extraídos, são
reduzidos a pó e misturados com mais ou menos água consoante
o tom mais claro ou mais forte que se pretende. Posteriormente deixa-se esta
solução repousar com os fios dentro, pelo menos um dia, duração
esta que se prende igualmente com a vivacidade do tom que se quer obter. Consoante
as receitas seguidas, consegue-se todas as tonalidades que vão dos
amarelos mais pálidos até aos laranjas mais fortes.
Teka
Árvore da teca. As folhas tenras desta árvore são retiradas
e esmagadas com um pilão. A esta pasta adiciona-se mais ou menos água
consoante o tom mais rosa ou avermelhado que se pretende. Dependendo da receita
e da quantidade de dias que se deixam os fios imergidos nesta solução,
é possível obter tons de rosa e vermelho, de uma maior
ou menor luminosidade e vivacidade.
Algumas das soluções supracitadas ainda são cozidas
em panelas de barro. A imagem do bom tingidor, visto à semelhança
de um alquimista medieval, aplica-se em certas regiões de Timor. Toda
a tecedeira acaba por ter o seu segredo da receita para obter o tom que pretende,
seja ele castanho, azul, verde, amarelo ou rosa.
O processo de tingimento pode levar de dois a três dias a alguns meses,
dependendo da complexidade do tom e do número de cores que têm
de ser misturadas. As receitas acima descritas são das mais simples,
podendo algumas atingir graus de elaboração elevados, consoante
lhes são adicionados mais produtos naturais, que vão funcionar,
por exemplo, como fixadores da cor ou mordentes, ou se trata de corantes naturais
cuja obtenção da cor não é possível através
da adição de água, mas sim de soluções
alcalinas.
Os fios que são para tingir numa determinada cor que necessite de
um mordente têm de ser imergidos numa solução de óleo
de candlenut ou de sementes de tamarindo, aproximadamente durante uma
semana.
Estes processos de tingidura também podem ter lugar em várias
fases do trabalho de tecelagem, e não só no início, como
se vai poder constatar, quando da descrição das técnicas
de tecelagem. Uma das perdas a nível cultural tem sido o facto
destas receitas se estarem a perder, pois eram transmitidas de mãe
para filha, sem que exista qualquer outro registo.
A fiação
Uma vez apanhado o algodão da planta, ele é descaroçado,
ou ledu em tétum. Para tal, são utilizados uns utensílios
denominados fatu-ledu, que são descaroçadores, feitos com
dois cilindros em madeira, entre os quais passa o algodão a descaroçar
ou, numa situação mais precária, com uma vareta de bambu
que roda fazendo pressão num fragmento de casca de tartaruga.
Posteriormente o algodão é cardado, seguindo-se a fiação
através da técnica de torção.
O fio assim obtido pode ter vários destinos nesta fase: ou é
dobado em meadas para ser em seguida tingido, refeitas em novelos, e por fim
tecidos nas faixas de cor lisa; ou é feito em novelos, que vão
originar as meadas, onde, uma vez colocadas numa armação apropriada,
a tecedeira inicia a técnica do ikat, antes da tingidura.
Os teares tradicionais
O fabrico das armações, onde é executada a técnica
do ikat, e teares, está geralmente a cargo dos homens. Complexos de
serem entendidos no seu funcionamento, possuem, na esmagadora maioria
dos casos, um aspecto muito rudimentar.
A armação para a execução do ikat assemelha-se
a uma estrutura de pouco mais de quatro paus de madeira, dispostos em forma
de moldura, onde, com a ajuda de outros paus estreitos e amovíveis,
as meadas são esticadas escrupulosamente. Uma vez os fios paralelos
uns aos outros, a tecedeira inicia o seu minucioso trabalho de atar,
cobrindo pequenas porções de vários fios, de maneira
a formar um desenho, só visível bastantes dias mais tarde, após
o tingimento e novo esticamento das meadas na teia.
Os teares, bem mais complexos nos seus componentes, mas igualmente rudimentares,
são teares de cintura (teares sustentados através de uma
tira que passa atrás das costas da tecedeira). Estes obrigam as tecedeiras
a trabalhar sentadas no chão de pernas estendidas, geralmente em esteiras
por elas elaboradas, esticando o próprio tear e a teia, com a tensão
exercida pelo seu corpo, através de uma cinta que ela faz passar
nas costas, na zona lombar.
Este tipo de tear permite trabalhar com uma teia contínua que, com
a técnica de tecelagem utilizada nesta região, produz tecidos
com o mesmo aspecto e desenhos em ambos os lados, ou seja, não existindo
direito e avesso.
Técnicas de tecelagem
Tecedeira trabalhando um tais feton, com uma faixa central com um motivo previamente executado em ikat (Oecússi).
Timor é reconhecido não só pela qualidade dos seus têxteis,
mas também pelas diferentes técnicas decorativas. O Warp-faced
Ikat (ikat em teia, onde predominam os fios da teia sobre os da trama) é
praticado em todas as regiões, sendo uma das técnicas principais
e a com maior relevo, devido às suas características estarem
fortemente associadas a esta ilha e não a outras do arquipélago.
Nem na língua portuguesa, nem em tétum, existe uma palavra ou
pequeno conjunto de palavras que traduzam de forma exacta esta técnica.
A técnica do ikat (atar antes de tingir), que pode ser executada
nos fios da teia ou de trama, em Timor-Leste, aparece unicamente nos
fios da teia. Este processo decorativo usa-se para reproduzir desenhos,
a partir de cartões com os motivos executados em cestaria ou, mais
comum nos dias de hoje e por influência dos portugueses, a partir
dos desenhos em papel destinados a serem reproduzidos em crochet. Nesta
arte, os fios de algodão, ainda na sua cor original, são estendidos
na armação de ikat, tal como foi mencionado anteriormente.
A tecedeira, seguindo o desenho, vai atando com tiras vegetais secas ou ráfia
os vários fios, cobrindo áreas que correspondem ao motivo.
Uma vez terminado, as meadas são retiradas da armação
e são tingidas na cor pretendida. As secções que estão
unidas resistem ao corante. Após o tingimento e antes da tecelagem,
os fios são tratados com uma solução de tapioca e água
para os endurecer, tornando portanto mais fácil a tecelagem do padrão,
que se quer apertado e nítido. As secções atadas são
então desfeitas e o desenho surge na cor original do fio, recortado
pela nova cor tingida.
Uma vez tecidos os fios da teia, com um único fio de trama de uma
só cor, são lavados em água fria diversas vezes, para
amaciar o pano, dissolvendo-se assim a solução que o endureceu.
Os corantes são preparados com tal cuidado e perícia que,
neste processo, não se observa virtualmente nenhuma perda de cor. O
aspecto final dos tons do pano é suave e subtil, quase esbatidos, com
motivos em ikat que parecem um negativo da cor natural dos fios.
Exemplos de motivos tradicionais podem ser encontrados feitos totalmente
em ikat tingido quimicamente, com o motivo a preto num fundo encarnado vibrante,
laranja ou amarelo.
O Warp-faced ikat é quando esta técnica é aplicada apenas
aos fios da teia antes de estes serem tecidos.
Pormenor de um bordado executado no painel central de um tais mane, decorado lateralmente com faixas estreitas de motivos feitos em sotis, datado dos finais do século XIX, princípios do século XX.
Como complementos, encontramos outras técnicas decorativas singulares
de Timor, que são os sotis – passagem suplementar na teia, tecida
de forma a parecer reversível –, e buna – trama suplementar
descontínua, que dá o aspecto de um bordado. Qualquer destas
técnicas, tal como foi mencionado anteriormente, varia muito de
nome conforme a região da ilha, embora o processo de execução
seja o mesmo.
Pormenor de um motivo religioso e floral de inspiração portuguesa executado em ikat em teia, num tais mane (Oecússi).
A tecelagem é feita por tecedeiras que vivem nas comunidades
locais, onde elas e as suas famílias são responsáveis
por todo o processo, desde a preparação dos fios à operação
de atar as linhas para formar o desenho, ao tingimento dos fios culminando
com a tecelagem dos panos. A produção inclui muitas vezes a
combinação das técnicas de ikat e sotis (passagem suplementar
na teia).
Timor-Leste (Geografia, Clima, Economia, População, História )
Timor-Leste
Geografia
Antiga colónia portuguesa, invadida por tropas da Indonésia em 1975, é o primeiro novo país independente a surgir no século XXI. Tem uma área de 15 007 km2 e, em 2006, a população estava estimada em 1 066 582 habitantes (2010). A moeda utilizada é o dólar americano.
O seu território corresponde à metade oriental da ilha de Timor, situada no vasto arquipélago indonésio, nas proximidades da Austrália.
Clima
Timor possui um clima de características equatoriais, com duas estações anuais determinadas pelo regime de monções.
A fraca amplitude térmica anual é comum a todo o território e só o regime pluviométrico tem alguma variabilidade regional. Podem considerar-se três zonas climáticas: a situada mais a norte é a menos chuvosa (menos de 1500 mm anuais) e a mais acidentada, com uma estação seca que dura cerca de cinco meses. A montanhosa zona central regista muita precipitação e um período seco de quatro meses. Por fim, a zona menos acidentada do Sul, com planícies de grande extensão expostas aos ventos australianos, é bastante mais chuvosa do que o Norte da ilha e tem um período seco de apenas três meses.
Economia
O investimento secular de Portugal na sua colónia timorense não foi suficiente para a desenvolver adequadamente, tendo esta permanecido pobre até aos nossos dias. Foram, no entanto, construídas algumas infraestruturas de saúde, ensino e transportes depois da Segunda Grande Guerra. O comércio de sândalo - uma das principais mercadorias do território - perdeu importância e a sua única fonte de rendimento passou a ser uma modesta produção de café.
O contributo dado pela Indonésia na construção de infraestruturas foi superior ao de Portugal, apesar de corresponder também a interesses próprios, como o do transporte mais rápido de tropas ou da absorção sociocultural indonésia e descaracterização da cultura própria timorense.
Grande parte das edificações foi destruída por grupos pró-indonésios no período que se seguiu à declaração de vitória dos independentistas: bancos, hotéis, escolas, centros de saúde, etc. A já débil economia timorense foi completamente arrasada, tendo ficado dependente da cooperação internacional para a sua reconstrução.
População
A população está estimada em 1 066 582 habitantes (2010), com uma densidade de 69,36. As taxas de natalidade e mortalidade são, respetivamente, 26,99% e 6,24%. A esperança média de vida é de 66,26 anos.
A sociedade timorense conviveu durante quase três décadas com a opressão e a violência. Simultaneamente, exibiu uma capacidade de resistência e uma vontade de ser parte ativa no seu destino verdadeiramente ímpares, característica que ofusca qualquer outra.
A heterogeneidade étnico-cultural é evidenciada pelos seus dialetos, variadas línguas, materiais produzidos ou diferentes estilos arquitetónicos. Apesar de maioritariamente católicos, os timorenses não se podem considerar inteiramente convertidos, a avaliar pela rica tradição oral composta por lendas e mitologias que remontam a tempos pré-coloniais.
Cerca de um terço da população existente em 1975 foi, até à entrada das tropas das Nações Unidas, dizimada por ação indonésia.
História
Os primeiros contactos de portugueses com a ilha de Timor datam dos inícios do século XVI: após a conquista de Malaca e consequente domínio dos mares e do comércio da Insulíndia, o sândalo atraiu navegadores portugueses, que terão chegado à ilha por volta de 1514; em 1556, chegavam os primeiros missionários. A conquista foi lenta, tendo encontrado numerosos obstáculos, desde as resistências locais até aos ímpetos expansionistas de outras nações asiáticas e à conquista holandesa. Portugal ficaria senhor de metade da ilha, não sem alguns problemas de soberania, que deram origem a "guerras de pacificação". Na Segunda Guerra Mundial a colónia foi invadida e ocupada pelos japoneses. Entre 1942 e 1945, o território foi palco de combates que opuseram o exército imperial japonês e uma heterogénea coligação de esforços militares (comandos holandeses e australianos, degredados portugueses e timorenses), sem que Portugal tivesse intervenção direta no conflito. Com o fim da guerra, Portugal readquiriu o domínio sobre Timor, seguindo-se um período de quase três décadas em que não se manifestaram movimentos independentistas. Mesmo as guerras nas colónias africanas não encontraram eco na longínqua Timor. A razão para a ausência de sentimentos ou movimentos defensores da independência da colónia poderá residir no facto de o domínio português ter funcionado, ao longo de séculos, como aglutinador de vários povos e defensor da identidade étnica, cultural e política da região face aos vários expansionismos em ação na Insulíndia; além disso, a presença portuguesa não assumiu um carácter de exploração económica, visto que a precária economia timorense era dominada por uma pequena burguesia de origem chinesa, há muito estabelecida no território.
Após o 25 de abril de 1974 a vida política timorense tornou-se ativa, embora seja notório o atraso com que o novo poder se apresentou a tomar as rédeas do governo local. A liberdade de formação de partidos políticos, prontamente aproveitada, permitiu o aparecimento de diversas formações partidárias: a União Democrática Timorense (UDT), partidária de uma autonomia progressiva dentro do espaço imperial português, que evoluiu para a proposta de uma independência a curto prazo; a Associação para a Integração de Timor na Indonésia (AITI), mais tarde denominada APODETI; a Associação Social-Democrática Timorense (ASDT), que mais tarde veio a adotar o nome de Frente Revolucionária de Timor Leste (FRETILIN), partidária da independência imediata; outros pequenos partidos, não reconhecidos pelas autoridades portuguesas, como a Associação Popular Monárquica Timorense e o Partido Trabalhista.
Os motores da política local foram os três primeiros partidos mencionados, que o governador Lemos Pires procurou associar numa coligação que garantisse a transição pacífica. Em julho de 1975, Portugal reiterou o direito do povo de Timor à autodeterminação e à independência, não conseguindo, no entanto, refrear os ânimos. Uma fugaz coligação entre a UDT e a FRETILIN (janeiro a maio de 1975) falhou e Timor caiu rapidamente numa situação de guerra civil. A UDT tentou apoderar-se do poder por meio de um golpe de Estado, seguindo-se um contragolpe da FRETILIN. Timor mergulhou na violência fratricida e o governador, destituído de orientações precisas de Lisboa e sem força militar suficiente para reimpor a autoridade portuguesa, abandonou a capital e refugiou-se na ilha de Ataúro. Em 28 de novembro de 1975, a FRETILIN, que controlava uma parte significativa do território, proclamou unilateralmente a independência e, no dia seguinte, os restantes partidos pediram a intervenção da Indonésia, que lançou uma invasão em grande escala a 7 de dezembro (na realidade, já desde outubro que havia notícia de violações de fronteira por militares daquele país). Em consequência destes acontecimentos, Lemos Pires abandonou em definitivo o território. A Indonésia justificou a invasão alegando a defesa contra o comunismo, discurso que lhe garantiu as simpatias dos governos americano e australiano, entre outros, mas que não impediu a sua condenação pela comunidade internacional.
À invasão indonésia seguiu-se uma das maiores tragédias do pós-guerra. A Indonésia recorreu a todos os meios para dominar a resistência: calculam-se em duzentas mil as vítimas de combates e chacinas; as forças policiais e militares usavam sistemática e incontroladamente meios brutais de tortura; a população rural, nas áreas de mais acesa disputa com a guerrilha, era encerrada em "aldeias de recolonização"; procedeu-se à esterilização forçada de mulheres timorenses. Simultaneamente, a fim de dar ao facto consumado da ocupação um carácter irreversível, desenvolveu-se uma política de descaracterização do território, quer no plano cultural (proibição do ensino do português, islamização), quer no plano demográfico (javanização), quer ainda no plano político (integração de Timor na Indonésia como sua 27.a província). A esta descaracterização há que acrescentar a exploração das riquezas naturais através de um acordo com a Austrália para a exploração do petróleo do mar de Timor.
No terreno, a guerrilha não se rendeu, embora com escassos meios materiais, humanos e financeiros e apesar de ter sofrido pesados desaires, como a deserção de dirigentes e a perda de outros, por morte em combate (Nicolau Lobato) ou por aprisionamento (Xanana Gusmão). Embora reduzida a umas escassas centenas de homens mal armados e isolados do mundo, conseguiu, nos tempos mais recentes, alargar a sua luta ao meio urbano (manifestações de massas) e manter no exterior uma permanente luta diplomática, para o que contou, em muitas circunstâncias, com a compreensão e o apoio da Igreja Católica local, liderada por D. Carlos Ximenes Belo, bispo de Díli. Simultaneamente, no exterior, Portugal, que nunca reconheceu nem a declaração unilateral da independência pela FRETILIN, nem a anexação pela Indonésia, mobilizou a comunidade internacional para a resolução do problema. Organizações humanitárias, como a Amnistia Internacional, denunciaram as violações dos direitos humanos e as conivências com o invasor; a Organização das Nações Unidas recusou reconhecer a anexação, continuando a considerar Portugal como potência administrante, e encarregou o seu secretário geral de diligenciar no sentido de encontrar vias diplomáticas para a resolução pacífica do conflito e para a garantia do direito dos timorenses à autodeterminação e à independência.
A atribuição, em 1996, do Prémio Nobel da Paz a D. Carlos Ximenes Belo e a José Ramos-Horta, porta-voz internacional para a causa de Timor-Leste, indiciou uma consciencialização a nível internacional em relação a Timor-Leste.
Em 1998, o general Suharto deixou o poder e foi substituído pelo vice-presidente Habibie. O regime começou então a dar sinais de abertura. Em maio de 1999, representantes das Nações Unidas foram enviados para Timor-Leste como observadores e para preparar o referendo sobre a autodeterminação dos timorenses, que se veio a realizar a 30 de agosto de 1999, tendo o resultado sido de 78,5% de votos a favor da independência de Timor-Leste. Desde então o território passou a ser denominado Timor Loro Sae. Na sequência dos resultados, enormes massacres sucederam-se por ação indonésia, sem que a comunidade internacional conseguisse intervir e pôr fim à violência. No entanto, ao fim de algum tempo, uma força internacional, denominada Interfet, foi enviada para o território com o objetivo de assegurar a paz.
A 19 de outubro de 1999, o Parlamento da Indonésia anulou o decreto da anexação de Timor-Leste como 27.a província da Indonésia.
Xanana Gusmão, entretanto libertado pelos indonésios, assumiu a liderança do Conselho Nacional de Resistência Timorense (CNRT) e representa Timor nas suas ações diplomáticas pelo mundo e junto às Nações Unidas.
Iniciou-se um período de transição política até à realização de eleições, estabelecimento da Assembleia Constituinte e independência.
A 14 de abril de 2002, Xanana Gusmão foi eleito presidente da República e a 20 de maio o país conquistou em definitivo a independência. Ainda em 2002, a 27 de setembro, Timor-Leste passou a ser o 191.º estado-membro da ONU.
Como referenciar este artigo:
Timor-Leste. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-04-09].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$timor-leste>.
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